Almanaque dos Conflitos

Aviação paulista na Revolução Constitucionalista de 1932

Aeronave da antiga Força Aérea da Força Pública do Estado de São Paulo, dissolvida por Vargas em 1930

Aeronave da antiga Força Aérea da Força Pública do Estado de São Paulo, dissolvida por Vargas em 1930

As tropas paulistas que lutaram durante a Revolução Constitucionalista (entre julho e outubro de 1932), foram obrigados a enfrentar o bloqueio realizado pelo governo do Brasil (Getúlio Vargas), e procurar ouras maneiras de suprir as tropas que careciam de enorme gama de equipamentos, suprimentos e armamentos nas linhas de frente. E devido a Revolução de 1930, todas as armas consideradas de guerra foram confiscadas pelo governo federal.

Os paulistas contavam anteriormente com a Força Aérea da Força Pública do Estado de São Paulo, que havia sido criada no mês de dezembro de 1913, entretanto foi extinta por Vargas em dezembro de 1930. Com o início das hostilidades foi reativada no dia 15 de julho de 1932, pelos revolucionários paulistas. Recebeu nova denominação, como Grupo Misto de Aviação da Força Pública do Estado (GMAP), popularmente conhecida como Gaviões de Penacho.

Avião pertencente aos Gaviões de Penacho, a aviação revolucionária constitucionalista

Avião pertencente aos Gaviões de Penacho, a aviação revolucionária constitucionalista

As aeronaves de combate recebiam nomes como José Mário, Negrinho, Taguató, Kavuré, Kyri-Kyri. Contavam inicialmente com dois aviões Potez-25 T.O.E.; dois WACO C.S.O.; um Nieuport-Delage 72 (levado até São Paulo do Rio de Janeiro pelo Capitão Adherbal da Costa Oliveira, que havia aderido aos paulistas na campanha contra o governo federal).

Aeronaves civis também fizeram parte da aviação revolucionária como os modelos De Havilland Moth. Entre os mais conhecidos aviadores estavam Irahy Corrêa e Nelson Smith. Durante o mês de agosto os revolucionários conseguiram adquirir aviões oriundos do Chile, fabricados pela Curtis Wright Co. As aeronaves em questão eram do modelo Curtis Falcon 0-IE, que seriam empregados em observação e bombardeio.

A aeronave revolucionária paulista Negrinho, pertencente a Grupo Misto de Aviação da Força Pública do Estado (GMAP)

A aeronave revolucionária paulista Negrinho, pertencente a Grupo Misto de Aviação da Força Pública do Estado (GMAP)

Foram levados até São Paulo por pilotos americanos e ingleses, que tiveram que atravessar a Cordilheira dos Andes, e os céus da Argentina, Bolívia, e Paraguai, que se encontravam em um conflito (Guerra do Chaco). Dois deles foram perdidos. Um se acidentou nos Andes, outro confiscado pelas autoridades paraguaias. Os oito restantes entregue aos revolucionários paulistas no sul do estado do Mato Grosso. Região que a havia aderido à causa paulista na Revolução Constitucionalista, e prontamente rumam para o território paulista.

Na chegada eram adaptados para a guerra, recebiam proteção para os pilotos, e armamentos como metralhadoras e bombas. Entram em combate pela primeira vez no dia 20 de setembro.

Capitão José Angelo Gomes Ribeiro, ao lado do Tenente Mário Machado Bittencourt

Capitão José Angelo Gomes Ribeiro, ao lado do Tenente Mário Machado Bittencourt

Na oportunidade realizam bombardeio contra o campo de aviação da cidade de Mogi-Mirim, e logram destruir cinco aeronaves getulistas que se encontravam naquele local, apenas duas não sofreram danos. A maior aeronave dos revolucionário foi um Late 26 utilizado pela empresa Aero-Postal, estacionado na Praia Grande. Seria utilizado como bombardeio, porém não chegou a ser finalizado em tempo para participar dos combates aéreos.

A Baía de Santos se encontrava bloqueada pela presença do cruzador Rio Grande do Sul. No dia 24 de setembro três aviões modelo Curtiss O1-E Falcon decolam de São Paulo rumam para a cidade de Santos para atacar a embarcação getulista. O Capitão José Angelo Gomes Ribeiro, e o Tenente Mário Machado Bittencourt, a bordo do Kavuré são abatidos pelas baterias anti-aéreas do navio.

Técnicos do Grupo Misto de Aviação da Força Pública do Estado, preparam avião Potes TOE, com bombas para realização de missão contra getulistas

Técnicos do Grupo Misto de Aviação da Força Pública do Estado, preparam avião Potes TOE, com bombas para realização de missão contra getulistas

Os demais voltam para a base sem danos maiores. O navio da marinha brasileira não sofreu avarias no confronto. No dia 13 de julho acontece o primeiro ataque aéreo contra uma cidade brasileira. O alvo, Cachoeira Paulista, atacada por aviões getulistas. Em seguida outras localidades paulistas são atacadas como Campinas, São José do Barreiro, Cunha, Buri, Cubatão, Itapira, e Pedreira.

Em 8 de agosto na região de Buri, a aviação revolucionária paulista derruba uma aeronave governista Potez 25 TOE, interceptado por dois Waco CSO e um Potez 25 TOE. Considerado o primeiro avião abatido na história da América Latina.

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